quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Catarina Quebra Nozes

Catarina Quebra Nozes, Conto de Fadas de Joseph Jacobs

 Era uma vez um rei e uma rainha, como os que reinavam em muitas nações. O rei tinha uma filha chamada Ana, e a rainha tinha outra chamada Catarina. Ana era muito mais bonita que a filha da rainha, mas gostavam uma da outra como verdadeiras irmãs. Sentindo inveja da filha do rei por ser mais bonita que a sua Catarina, a rainha procurou um meio de estragar a beleza dela. Assim, foi se aconselhar com a dona Galinha, que lhe disse para mandar a mocinha ir vê-la na manhã seguinte, de jejum.
Na manhã seguinte, bem cedo, a rainha disse a Ana:

“Vá, minha querida, até a dona Galinha, na ravina, e peça- lhe alguns ovos.” Lá se foi Ana, mas, vendo um pedaço de pão ao passar pela cozinha, pegou-o e foi mastigando pelo caminho afora.

Ao chegar à dona Galinha, pediu os ovos, como lhe haviam mandado fazer. A dona Galinha lhe disse: “Levante a tampa daquela panela ali e veja.” A mocinha obedeceu, mas não aconteceu nada. “Volte para sua mãe e diga-lhe para manter sua despensa bem trancada”, disse a dona Galinha. Assim ela voltou para casa e contou à rainha o que a galinha dissera. Com isso, a rainha soube que a mocinha tinha comido alguma coisa. Na manhã seguinte ficou muito atenta e despachou a princesa de jejum. Mas ela viu uns camponeses colhendo ervilhas à beira do caminho e, sendo muito gentil, falou com eles e pegou um punhado de ervilhas, que foi comendo pelo caminho.

Quando chegou à dona Galinha, esta disse: “Levante tampa da panela e verá”Ana levantou a tampa do recipiente, mas nada aconteceu. Dona Galinha ficou terrivelmente zangada e disse a Ana: “Diga para sua mãe que a panela não vai ferver se o fogo estiver apagado.”Ana voltou para casa e contou isso à rainha. No terceiro dia a rainha foi pessoalmente com a menina até a dona Galinha. Ora, dessa vez, quando Ana levantou a tampa da panela, sua linda cabeça despencou e uma cabeça de ovelha pulou no seu pescoço.

Muito satisfeita, a rainha voltou para casa. Sua própria filha, Catarina, no entanto, pegou um fino pano de linho, envolveu com ele a cabeça da irmã e tomou-a pela mão. Assim partiram, em busca da sorte. Andaram, andaram e andaram até que chegaram a um castelo. Catarina bateu à porta e pediu pousada por uma noite para ela e uma irmã doente. Ao entrar, descobriram que era o castelo de um rei. Esse rei tinha dois filhos e um deles estava muito doente, à beira da morte, e ninguém conseguia descobrir qual era o seu mal. O curioso era que toda pessoa que o velava durante a noite desaparecia para nunca mais. Por isso o rei oferecera uma burra de prata a quem se dispusesse a ficar com ele. Ora, Catarina era uma menina muito corajosa, e se ofereceu para cuidar do principe.

Até a meia-noite, tudo correu bem. Quando as doze badaladas soaram, porém, o príncipe doente levantou-se, vestiu-se e se esgueirou escada abaixo. Catarina seguiu-o, mas ele não pareceu notar. O príncipe foi até o estábulo, selou seu cavalo, chamou seu cão de caça, pulou na sela e Catarina pulou lepidamente atrás. E lá se foram o príncipe e Catarina pela floresta. Catarina ia arrancando nozes das árvores e enchendo com elas seu avental. Cavalgaram e cavalgaram até chegar a um monte verdejante. Ali o príncipe refreou o cavalo e disse: “Abra, abra, monte verdejante, e deixe entrar o jovem príncipe com seu cavalo e seu cão.” E Catarina acrescentou: “E sua dama atrás de si’.

Imediatamente o monte verdejante se abriu e eles entraram. O príncipe penetrou num salão magnífico, feericamente iluminado, e muitas lindas fadas o cercaram e o chamaram para dançar. Enquanto isso, sem ser notada, Catarina escondeu-se atrás da porta. Dali viu o principe dançando, e dançando, até que não pôde dançar mais e desabou sobre um divã. As fadas se puseram então a abaná-lo, até que ele conseguiu se levantar e continuar dançando. Finalmente o galo cantou e o príncipe tratou de montar de novo seu cavalo a toda pressa; Catarina pulou atrás e rumaram para casa. Quando o sol da manhã se levantava, foram ao quarto do príncipe e encontraram Catarina sentada junto ao fogo, quebrando suas nozes. Contou que o príncipe tivera uma boa noite, mas que não velaria por ele mais uma noite a menos que ganhasse uma burra de ouro. A segunda noite transcorreu como a primeira, O príncipe se levantou à meia-noite e cavalgou até o monte verdejante e o baile das fadas, e Catarina foi com ele, colhendo nozes enquanto avançavam pela floresta. Dessa vez não espiou o príncipe, pois sabia que ia dançar, dançar e dançar. Mas viu urna fadinha-bebê brincando com uma varinha de condão e, sem ser notada, ouviu uma fada dizer a outra: “Três batidas corn essa varinha de condão tornariam a irmã de Catarina tão linda como sempre foi.”

Assim, Catarina começou a rolar nozes para a fada-bebê, e mais, e mais, até que a criança saiu cambaleando atrás dos frutos e deixou cair a varinha, que Catarina guardou no avental. E ao cantar do galo cavalgaram para casa como antes e, mais que depressa, ao entrar em seu quarto no palácio, Catarina tocou Ana três vezes com a varinha de condão.A repelente cara de ovelha caiu e ela voltou a ser linda como sempre.

Na terceira noite, Catarina só consentiu em velar o príncipe doente se pudesse se casar com ele. Tudo se passou como nas duas primeiras noites. Dessa vez a fadinha-bebê estava brincando corn um passarinho. Catarina ouviu urna das fadas dizer:”Três bocados deste passarinho devolveriam ao príncipe doente mais saúde do que ele jamais teve.” Catarina rolou todas as nozes que tinha para a fadinha-bebê, até o passarinho cair; guardou-o então no seu avental.

Ao cantar do galo partiram de novo, mas, ern vez de quebrar suas nozes como costumava fazer, nesse dia Catarina depenou o passarinho e cozinhou-o. “Oh!” disse o príncipe doente. “Gostaria de um bocado desse passarinho:’ Assim Catarina deu-lhe um pedacinho da ave e ele se ergueu sobre os cotovelos. Dá um pouco exclamou de novo: “Oh, se eu pudesse comer mais um bocado daquele passarinho!” Catarina deu-lhe mais um pedaço e ele se sentou na cama. Depois ele disse de novo:”Ah, se pudesse comer um terceiro bocado daquele passarinho!” Catarina deu-lhe um terceiro bocado e ele se levantou, forte e lampeiro, vestiu-se e foi se sentar junto ao fogo.

Quando o pessoal chegou na manhã seguinte, encontrou Catarina e o jovem principe quebrando nozes juntos. Nesse meio tempo, o irmão do príncipe vira Ana e caíra de amores por ela, como faziam todos que viam seu lindo rosto. Assim o filho doentio casou-se com a irmã sadia e o irmão sadio casou-se com a irmã doentia, e todos viveram felizes e morreram felizes e nunca beberam de um copo vazio.


O Pequeno Polegar

História Infantil O pequeno Polegar
Era uma vez um lenhador que tinha sete filhos homens. O maior tinha doze anos, o caçula seis e se chamava Pequeno Polegar. Ele era muito pequenino. Quando nasceu tinha o tamanho de um dedo polegar, por isso lhe deram esse nome. O Pequeno Polegar não falava muito, mas em compensação sua cabecinha não parava de pensar.
Embora fosse o menorzinho. ele era o mais esperto dos irmãos. O lenhador era muito pobre e não tinha meio de sustentar os sete filhos. Por isso combinou com a mulher levá-los para a floresta e deixá-los lá, pois diziam que havia um gênio que cuidava das crianças que se perdiam no mato.
O Pequeno Polegar, escondido debaixo do banco, ouviu a conversa. Como gostava muito dos pais, não queria ficar longe deles. Quando todos dormiam, saiu bem quietinho e foi ao riacho que passava perto da casa e recolheu uma porção de pedrinhas brancas. Na manhã seguinte toda a família do lenhador saiu para cortar lenha no mato. Enquanto andava, o Pequeno Polegar foi deixando cair as pedrinhas brancas, para marcar o caminho.
Os irmãos do Pequeno Polegar trabalhavam animados cortando lenha. Enquanto isso, o lenhador e a mulher, se afastaram silenciosamente sem que os filhos percebessem. Em seguida voltaram para casa por um caminho desconhecido das crianças. Horas depois, os irmãos deram pela falta dos pais.
- Eles devem voltar logo, - disse um dos meninos. - Decerto foram recolher lenha mais adiante.
A tardinha, como os pais não apareceram, os meninos ficaram muito assustados:
- Que faremos sozinhos aqui no mato?
- Não tenham medo - disse o Pequeno Polegar. - Venham comigo. Eu os levarei de volta para casa.
- Você? Ora, o menorzinho de todos... Como vai conseguir isso? Nenhum de nós conhece o caminho de volta!
- Não se preocupem. Vocês vão ver como chegaremos em casa.
Seguindo as pedrinhas brancas, o Pequeno Polegar conduziu os irmãos para casa, sem errar o caminho.
Quando o lenhador e a mulher viram os meninos de volta, decidiram levá-los novamente ao mato no dia seguinte. O Pequeno Polegar, também desta vez, ouviu a conversa dos pais. Tratou de ir recolher pedrinhas brancas no riacho... mas não pode sair de casa. A porta estava fechada com um cadeado tão grande e pesado, que ele não conseguiu abrir.
Assim, naquela tarde, os sete meninos não conseguiram encontrar o caminho de volta para casa e se perderam no mato.
O pior foi que começou a chover, uma chuva forte que logo deixou as crianças molhadinhas.
O Pequeno Polegar subiu numa árvore para ver se avistava a casa dos pais, à luz dos relâmpagos.
Depois de muito olhar em todas as direções, o Pequeno Polegar viu, ao longe, uma enorme casa.
- Parece um castelo - disse ele aos irmãos. - É, escuro e feio, mas . . . não vejo nenhum outro abrigo!
O menino desceu da árvore e os sete irmãos se dirigiram ao casarão que ele avistara lá de cima.
Naquela casa morava um gigante feiticeiro. Quando os irmãos bateram à porta, a mulher dele veio abrir.
- Oh! Sete meninos! Deus meu, aqui mora um gigante feiticeiro! Se ele vê vocês, come todos num só bocado! Vão embora, depressa!
- Mas estamos com frio... Está chovendo tanto! - suplicou o Pequeno Polegar.
A mulher do feiticeiro ficou com pena dos meninos e mandou-os entrar.
- Venham secar as roupas aqui perto do fogo.
Meu marido não está em casa e talvez demore um pouco para voltar.
Os meninos agradeceram e entraram. Mas nem tinham ainda acabado de secar as roupas e o feiticeiro bateu à porta:
"Quatro batidas acabo de dar, estou com fome e todo molhado. Abre mulher, quero me enxugar e um carneiro inteiro comer assado."
Mais que depressa, a mulher escondeu as crianças embaixo das camas.
- Fiquem quietinhos, não façam barulho, - recomendou ela.
O feiticeiro entrou, e. . .
Depois do jantar, o gigante ordenou que a mulher vestisse um gorro em cada menino e pusesse todos na cama para dormirem.
- Mas, onde? - perguntou a mulher. - Não temos quarto desocupado!
- Ora, ponha-os no quarto de minhas queridas filhas - respondeu ele.
O gigante feiticeiro tinha sete filhas ainda pequenas. Não eram bonitas. Todas dentuças, como o pai. Mas justamente por serem parecidas com ele, o gigante as achava lindas e fazia questão de que se vestissem muito bem. Queria que as filhas parecessem princesas, por isso elas usavam coroas na cabeça. Não as tiravam nem para dormir!
O Pequeno Polegar, muito esperto, prestou atenção às coroinhas e ficou pensando no assunto. Quando todos estavam dormindo, ele levantou bem quietinho e trocou as coroas das meninas pelos gorros de seus irmãos.
- Em feiticeiro não se pode confiar. - pensava ele. - Finge de bom, mas...
As suspeitas do Pequeno Polegar eram justas. Quando bateu meia noite, o gigante entrou no quarto. Pretendia degolar os meninos para comê-los no dia seguinte. Tocou com as mãos a cabeça deles, sentiu as coroas e pensou que fossem suas filhas. Passou para outra cama, sentiu os gorros, mas, para certificar-se, passou a mão sobre a boca das meninas e ...
- Ora, estas são minhas lindas filhas dentuças! - gritou ele, já zangado e voltou-se para a cama dos meninos: - Vocês fizeram uma troca, seus malandros! Mas não me escapam!
Os meninos já tinham acordado com o barulho. Mais que depressa saltaram da cama e saíram correndo.
Como os meninos eram muitos, o gigante se atrapalhou e antes que pudesse pegá-los, todos já tinham fugido. O gigante feiticeiro correu atrás deles, mas os meninos eram muito espertos e ele sempre os perdia de vista, porque era noite e estava escuro. Cansado o gigante acabou dormindo ali mesmo no campo. Os sete meninos aproveitaram a oportunidade: pularam o muro de uma casa velha e se esconderam lá dentro.
O gigante estava com sono, porque naquela noite não tinha dormido. Quando acordou, não viu nenhum sinal dos meninos. Ficou furioso e praguejou:
Maldito sono, que me derruba quando mais preciso estar acordado! Aqueles magricelas sumiram! Mas não há de ser nada: volto para casa, calço minhas botas de sete léguas e percorro toda a região. Eles não poderão escapar!
O gigante foi para casa e calçou suas botas de sete léguas.
Depois saiu furioso por ter perdido a pista dos meninos. Corria subindo montanhas e atravessando rios com a maior rapidez. Com aquelas botas mágicas, a cada passo que dava, andava sete léguas! O gigante percorreu todos os campos, vales e montanhas do lugar.
Olhava em todos os cantos, atras de cada árvore, de cada pedra, até debaixo da ponte ele procurou os meninos.
Mas não conseguiu encontrá-los, porque dentro das casas, que não eram dele, o gigante não podia entrar. Ele correu durante várias horas, até que não aguentou mais. Exausto, caiu no chão, bem perto da casa onde os sete meninos estavam escondidos. Daí a pouco o gigante dormiu tão profundamente, que roncou alto. O Pequeno Polegar ouviu e devagarinho, bem quietinho, saiu do esconderijo e aproximou-se dele.
O Pequeno Polegar, calçando as botas de sete léguas, com dois passos chegou à casa do gigante. Bateu à porta e a mulher veio abrir.
- Depressa! - disse ele. - Seu marido foi aprisionado por um bando de malfeitores. Eles querem ouro e pedras preciosas para o resgate. O gigante mandou-me buscar o tesouro que está escondido aqui. Por isso deu-me as botas dele, está vendo? Se eu não levar o tesouro bem depressa, os malfeitores o matarão.
Vendo que o menino estava mesmo com as botas de sete léguas, a mulher acreditou e lhe deu o tesouro dentro de uma sacola.
Pra casa ele vai, de botas sete léguas. Salta e não cai levando os irmãos.
Pelos campos ele vai, por cidades a passar, corre e não cai nosso Pequeno Polegar.
Quando o Pequeno Polegar e seus irmãos chegaram em casa levando toda aquela riqueza, seus pais o receberam com grande alegria.
- O gênio da floresta devolveu nossos filhos com uma fortuna! Que bom! Agora vamos viver sempre juntos e muito felizes.
"Graças à esperteza do Pequeno Polegar, foi vencida a malvadeza e voltaram para o lar."
"Com o tesouro trazido vivem agora em paz. Polegar muito sabido continua um bom rapaz."
Charles Perrault



Os Tres Porquinhos

Os Tres Porquinhos História infantil para crianças

Era uma vez, 3 porquinhos que viviam na floresta,
cada um na casa que construiu.
Os dois mais novos só pensavam em brincar
e não gostavam de trabalhar. Um fez a casa de palha
e o outro de madeira, o mais velho que era trabalhador
fez uma casa de tijolo e cimento, que lhe dava segurança.
Os mais novos aziam troça dele, que levava o tempo
todo a trabalhar e não brincava.
Certo dia, o lobo pareceu e cada um fugiu para sua casa,
o lobo aproximou-se da casa de palha e começou a soprar
com tanta força que o telhado e as paredes foram para o ar.
O porquinho correu para a casa do outro irmão, o lobo
voltou a soprar com tanta força, que depressa derruboua madeira.
Os dois porquinhos, assustados correram para casa do irmão mais velho.
E o lobo furioso voltou a soprar, mas desta vez não
conseguiu derrubar a casa de tijolos e acabou por se ir embora.
Os dois porquinhos aprenderam a lição, primeiro trabalhar e depois brincar.
E foram felizes para sempre.

A Baleia Alegre

 A Baleia Alegre, fábula infantil




A baleia é o maior animal do planeta. E, com todo esse seu tamanho, sem querer pode tornar-se uma ameaça aos outros animais, caso não tome alguns cuidados.

A baleiazinha era jovem cheia de vontade de brincar, nadar e saltar. Era cheia de vida e sempre muito bem disposta.

- Que mosca mordeu você? Perguntavam os outros habitantes do mar.



Ninguém sabia a resposta. Mas a verdade era que a baleiazinha estava causando graves problemas aos pescadores.

Eles saíam inocentemente em seus pequenos botes e, de repente, encontravam-se com uma muralha de ondas, levantadas pelas brincadeiras dela. E assim, quase sempre soçobravam.

Mais de um pescador havia morrido afogado e a baleiazinha continuava brincando perto da costa, alheia às desgraças que causava.


- Baleiazinha, fico muito contente vendo você sentir-se tão feliz e brincalhona. Mas, por ser estouvada, já causou algumas desgraças aos pescadores, disse-lhe o golfinho.

- Oh! Lamento muito, amigo golfinho! Exclamou a baleiazinha, muito arrependida. Diga-me o que posso fazer para remediar o mau que causei? Perguntou ela.

- Basta que você brinque em alto mar, longe da costa, aconselhou-a ele.

A baleiazinha tinha um coração bondoso. Desejosa de fazer o bem aos outros e evitar novos prejuízos para os pescadores, rumou para o mar alto. A partir desse dia acabaram-se as desgraças dos pobres pescadores. E a baleiazinha pode continuar a alegrar os habitantes do mar, sem prejudicar os habitantes da terra.

O Patinho Feio

História Infantil O Patinho feio, que se transforma num lindo cisne.


O Patinho Feio

"Era verão e os dias estavam lindos. O feno formava pilhas nos prados e campinas. As cegonhas caminhavam com suas longas pernas vermelhas, tagarelando umas com as outras. No meio de um grande bosque, havia um lindo lago. No ponto mais ensolarado, à beira do lago, via-se uma velha mansão. A grama, muito bem aparada, ia da casa até a beira da água. A paisagem era realmente encantadora.


No meio da folhagem do bosque, uma pata, no seu ninho, aguardava os patinhos que iam nascer. Já estava bem cansada de estar ali tanto tempo. Além disso, quase não recebia visitas, pois os outros patos gostavam mais de nadar do que sentar-se em baixo das folhas para tagarelar com ela.



Afinal, os ovos começaram a estalar, um após outro. Os patinhos puseram as cabecinhas para fora e saltaram da casca. Dona Pata grasnou de contentamento e eles responderam baixinho: "Quá, quá, quá!!!"
Muito admirados, olhavam para todos os lados. A mamãe deixou-os olhar tanto quanto quiseram, pois a cor verde das folhas faz muito bem aos olhos.
- Como é grande e claro o mundo cá fora! exclamaram os patinhos.
- Vocês pensam que o mundo é só isso? perguntou Dona Pata. Ele se estende para o outro lado do bosque e vai seguindo até perder-se de vista. Bem, penso que vocês já estão todos aqui, não é?

Ela se levandou e olhou à volta.
- Não, ainda falta um. O ovo maior está intacto. Quanto tempo levará?
Dizendo isto, Dona Pata sentou-se novamente no ninho.
- Olá, como vai passando? perguntou uma pata velha que veio fazer-lhe uma visita.
- Vou bem, obrigada, apenas um pouco aborrecida porque a casca deste ovo ainda não se partiu. Entretanto, você já pode olhar os outros patinhos. São os mais lindos que já vi, exatamente iguais ao pai. Aquele maroto há muito não me aparece...
- Deixe-me olhar o ovo que ainda não se abriu, disse a velha pata. Huuummm! você pode ter certeza que é ovo de perua. Eu já fui enganada assim, uma vez, e só tive aborrecimentos, pois perus tem medo de água. Grasnei e mordi-os, mas não consegui atirá-los na água. Deixe-me ver o ovo. Não resta dúvida, é de perua! Não perca seu tempo, deixe-o sozinho e ensine os outros a nadarem.
- Chocá-lo-ei mais um pouco, disse a pata.
- Desejo-lhe boa sorte. Passe bem.

A velha pata foi-se embora. Daí a algum tempo, o ovo começou a estalar e, de lá de

dentro, foi saindo um patinho muito grande e simplesmente feio. Dona Pata olhou-o muito desapontada e exclamou:
- Que patinho monstruoso! Não se parece com nenhum dos outros. Será que é filho de perua? Bem, logo descobrirei isto. Irá para a água, nem que eu tenha que empurrá-lo.
O dia seguinte amanheceu lindo. O sol brilhava sobre a folhagem. A mamãe pata foi com sua ninhada até o lago. Atirou-se na água e chamou os filhinhos:
- Quá! Quá! Quá! disse ela e eles, uns atrás dos outros, foram-se atirando. A água cobriu suas cabecinhas mas eles levantaram-se e flutuaram lindamente. Suas patinhas moveram-se e lá foram eles nadando. Até o feioso nadou.
- Não, este não é peru, disso Dona Pata. Sabe usar muito bem as patas e mantém-se ereto sobre a água. Afinal de contas, é meu filho e, talvez, quando crescer não seja tão feio. Quá! Quá! Quá! Venham comigo. Vou apresentá-los no quintal. Fiquem sempre perto de mim, para não serem pisados, e muito cuidado com o gato.

Foram, então, ao quintal. Havia lá horrível confusão.
- Endireitem as patinhas, disse ela. Grasnem apropriadamente e inclinem a cabeça diante da velha pata. Ela é a mais importante de todas nós aqui. Tem sangue espanhol nas veias. Tem uma argola vermelha numa das patas, o que indica sua boa raça. Lá vem ela. Vamos, grasnem, inclinem a cabeça.
Eles fizeram exatamente o que a mãe recomendou. Os outros patos olharam-se e comentaram:
- Agora teremos que suportar esta outra tribo, como se não fossemos suficientes! Cruzes! Que patinho feio aquele lá atrás!
Dizendo isto, um dos patos saiu correndo e bicou o pobre bichinho no pescoço.
- Deixe-o em paz! pediu Dona Pata. Ele não lhe está causando nenhum dano.
- Relalmente não está, mas acontece que ele é tão feio e esquisito que não pude controlar-me, respondeu o malvado.
- Seus filhinhos são lindos, exceto aquele ali, disse a pata velha. Está se vendo que não é de boa raça.
- Realmente ele não é bonito, mas é muito bonzinho e nada tão bem quanto os outros. Talvez no futuro ele melhore, disse Dona Pata e acariciou o pescoço do filhinho.
- Fiquem à vontade, crianças e, se acharem uma minhoca, podem trazê-la para mim.

Depois disso, os patinhos sentiram-se mais à vontade. O feioso, coitado, levou bicadas e foi sacudido pelos outros patos e até pelas galinhas. Estava desesperado e não sabia que rumo tomar. Servia de galhofa para todos. Os dias foram-se passandp e, cada vez, ele se via mais atropelado. Até seus irmãos costumavam aborrecê-lo, dizendo:
- Se ao menos o gato pegasse esta coisa horripilante...
Sua própria mãe disse um dia:
- Eu desejava vê-lo bem longe de mim.
Os patos o bicavam, as galinhas o espicaçavam e a menina que os alimentava sempre o deixava de lado.

Certo dia, não aguentando mais aquela situação, ele fugiu e chegou à sebe onde os passarinhos se aninhavam.
- Não tenho culpa de ser tão feio! pensou ele, muito, muito triste.
Continuou a andar até que chegou a um campo, onde viviam patos selvagens. Estava tão cansado que passou a noite lá. Pela manhã, os patos selvagens foram inspecionar seu novo companheiro.
- Que espécie de bicho é você? lhe perguntaram assim que ele os cumprimentou. Você é horrivelmente feio, mas isto não tem importância. Pode ficar aqui, desde que não pretenda casar-se em nossa família.
Pobre patinho! Absolutamente não havia pensado em casamento. Ele desejava apenas permissão para ficar ali no meio da folhagem e beber um pouco de água. Ficou lá dois dias inteiros. No fim desse tempo, dois gansos selvagens, muito mal educados, chegaram e disseram:
- Você é tão feio, camarada, que até temos pena de você. Há outro lago, aqui perto, onde vivem gansas encantadoras! São doces criaturas que sabem grasnar de momo especial. Reúna-se ao nosso grupo e vamos até lá. Com a sua feiura elas se divertirão bastante!

Nesse momento, ressoou um tiro, no alto, depois outro e outro... bandos de gansos selvagens voavam assustados. Havia uma grande caçada. Os caçadores estavam escondidos no arvoredo, à volta do lago. Os cães farejavam à volta, patinhando no pantano. Tudo isso alarmava horrivelmente o pobre patinho feio. Eles enroscou o pescoço para esconder a cabeça debaixo da asa e ficou lá escondido entre os arbustos. Já era tarde quando o barulho cessou. Apesar disso, o patinho não ousava levantar-se. Esperou muitas horas ali sentado. Finalmente tomou coragem, olhou à sua volta e voou o mais depressa que pode. Correu por campos e prados. Ventava tanto que era difícil equilibrar-se. Tarde da noite, chegou a um casebre. Era tão miserável que se mantinha em pé por milagre. O vento assobiava tão ferozmente, e de repente ele notou que o vento abrira a porta do casebre. Resolveu, então entrar para abrigar-se.

Lá vivia uma senhora idosa, com um gato e uma galinha. O gato, que se chamava Mimi, arqueava as costas, ronronava e seus olhos lançavam chispas, pedindo que o acariciassem. A galinha tinha patas tão curtas que era, por isso, chamada Baixotinha. Punha ovos deliciosos e a senhora gostava dela como se fosse sua filha. Pela manhã, o patinho foi descoberto. O gato começou a ronronar e a galinha cacarejou.
- Que será isto? perguntou a senhora, olhando ao redor. Ela não enxergava bem e pensou que o patinho fosse uma pata grande que tivesse fugido de algum lugar.
- Que bom achado! exclamou a senhora. Agora terei ovos de pata, caso não seja um pato. Esperemos para ver. Durante três semanas o patinho esteve em observação, mas os ovos não apareçeram.

O gato e a galinha eram donos da casa e, por isto, julgavam-se muito importantes. A galinha perguntou ao patinho:
- Você põe ovos?
- Não, respondeu o patinho humildemente.
- Você sabe arquear as costas e ronronar? perguntou o gato.
- Também não, tornou a responder o patinho.
- Pois então, fique sabendo que é um grande tolo, disse a galinha.
O patinho sentou-se num canto, cozinhando o seu mau humor. De repente, apossou-se dele um grande desejo de nadar ao sol, sentindo a frescura da manhã. E então ele resolveu ir embora novamente.


Atirou-se na água, nadou e mergulhor, sentindo-se mais calmo depois desto. Entretanto, continuava a ser olhado com indiferença pelas outras criaturas, por causa da sua feiura. O outono chegou. As folhas foram ficando amareladas. Os dias foram passando e o vento soprava sempre mais forte e o céu estava ficando cada vez mais pesado de nuvens. O patinho ficou amedrontado.
Chegou o inverno. Uma tarde, quando o sol se punha, um bando de bonitos pássaros surgiu do arvoredo. O patinho nunca havia visto animais tão belos. Eram deslumbrantemente brancos, com pescoços longos e curvos. Eram cisnes. Espalhavam suas largas asas e voavam das regiões frias para as terras quentes. Voavam tão alto, que o patinho sentiu-se estranhamente inquieto. Durante muito tempo nadou, acompanhando o vôo dos cisnes. Não os conhecia, mas sentia-se estranhamente atraído para perto deles. Intimamente desejou ser assim tão bonito.

O inverno estava tão amargamente frio, que o patinho teve que nadar muitas vezes, à volta do lago, para se aquecer. Entretanto a superfície do lago cada vez diminuia mais e, finalmente, congelou-se. O patinho teve que agistar as patinhas para não vira sorvete, mas acabou ficando cansado. De manhã cedo, um camponês vinha andando e viu-o ali, quase morto. Apanhou-o e levou-o para casa, entregando-o à esposa. Lá ele reviveu. As crianças quiseram brincar com ele, mas o coitado teve medo de ser maltratado. Por isso, meteu-se na panela do leite, esparramando-o por todos os lado. A mulher do camponês gritou e sacudiu as mãos, deixando-o ainda mais assutado. Voou, então, para a batedeira de manteiga, fazendo novo estrago. A mulher, aborrecida, quis bater-lhe com uma vara. As crianças esbarravam umas nas outras, na tentativa de segurá-lo. Por sorte, a porta estava aberta, e o patinho saiu voando. Meteu-se no meio das árvores, mas acabou caindo outra vez na neve. Estava exausto. Seria muito triste descrever todas as privações que ele teve que suportar até o final do inverno.

Quando o sol começou novamente a brilhar, o patinho foi para o lago. As cotovias cantavam e a primavera vinha chegando. Ele já estava mais crescido e sacudia as asas com mas força do que antes. Voou e encontrou-se num bonito pomar, onde as macieiras estavam em flor. No ar, sentia-se o perfume dos lilases. A frescura da primavera estava deliciosa! Exatamente à sua frente, encontrou três cisnes, que avançavam em sua direção, deslizando suavemente sobre a superficie do lago. O patinho logo os reconheceu. Eram os mesmos cisnes que ele havia visto voando. Ficou possuido de uma estranha melancolia.
- Voarei até os pássaros reais e, com certeza, virar-me-ão as costas, por causa da minha feiura, mas não faz mal. Prefiro ser morto por eles do que mordido pelas patos, bicado pelas galinhas, espancado pela mulher do camponês e ainda suportar a rigidez do inverno.


Assim pensando, voou em direção dos cisnes. Eles o viram e se aproximaram, gentilmente, ruflando as asas.
- Matem-me, disse ele.
Abaixou a cabeça e ficou esperando a morte, mas, através da água transparente, que ele viu?
Com grande surpresa, viu sua própria imagem refletida na água. Ele não era mais aquele patinho feio, cinzento e desajeitado. Era um belo cisne!
Ficou verdadeiramente emocionado.
Os cisnes grandes nadavam à sua volta, como se quisessem render-lhe homenagem. Algumas crianças vieram ao lago trazendo pedacinhos de pão para eles.
A menor exclamou:
- Hoje há mais um cisne, e como é bonito!!!
As outras crianças disseram:
- Ele é o mais belo de todos e é muito jovem.
Os velhos cisnes inclinaram as cabeças, em sinal de respeito, e depois acariciaram-no com o bico.
O cisnezinho ficou encabulado e escondeu a cabecinha embaixo da asa. Apesar de muito contente, não estava orgulhoso, pois quem tem bondade no coração não sente orgulho.
Lembrou-se de tudo o que sofrera e deu graças a Deus por ser agora tão feliz!

O PRINCIPE SAPO

HISTÓRIA INFANTIL O PRÍNCIPE SAPO


Era uma vez um rei que não tinha filhos e tinha muita paixão por isso, e a mulher disse que Deus lhe desse um filho mesmo que fosse um sapo. Houve de ter um filhinho como um sapo; depois botaram as folhas a ver se havia quem o queria criar, mas ninguém se animava a vir. O rei, vendo que o sopito do filho não havia quem o queria criar, anunciou que, se houvesse alguma mulher que o quisesse criar, lho dava em casamento e lhe dava o reino. Nisto aí apareceu uma rapariga e disse: Se Vossa Real Majestade me dá o filho, eu animo-me a vi-lo criar.» O rei disse que sim e a rapariga veio criar o sopito. Depois passou algum tempo e ele foi crescendo e ela lavava-o e esmerava-o como se ele fosse uma criança. Foi indo e ele tinha uns olhos muito bonitos e falava, e a rapariga dizia: Os olhos dele e a fala não são de sapo. Já estava grande, passaram-se anos e ela, uma noite, teve um sonho em que lhe diziam ao ouvido que o sapo era gente, mas pela grande heresia que a mãe disse que estava formado em sapo, que se o rei lho desse para ela casar com ele que casasse e quando fosse na primeira noite que se fosse deitar, que ele tinha sete peles e ela levasse sete saias e quando ele dissesse: «Tira uma saia, lhe dissesse ela: Tira uma pele. Assim foi e casou o sapo com a rapariga e na noite do casamento ele pediu-lhe que tirasse ela as saias e ela foi-lhe pedindo que tirasse as peles e depois de ele as tirar ficou um homem. Ao outro dia ele tornou a vestir as peles e ficou outra vez sapo. E ela disse-lhe: Tu para que vestes as peles? Assim és tão bonito e vais ficar sapo. Assim me é preciso, cala-te. Ela, assim que se pôs a pé, foi contar tudo à rainha, e o rei mais a rainha disseram-lhe: Quando hoje te deitares, diz-lhe o mesmo e depois de ele tirar as peles e estar a dormir, deixa a porta do quarto aberta que nós queremos ir vê-lo.» Foram-no ver e viram que ele era homem. Ao outro dia o príncipe tornou a vestir as peles e vai o pai disse-lhe: Tu, porque vestes as peles e queres ser feio? Eu quero ser sapo, porque o meu pai tem mão interior e, se eu fico bonito, impõem a minha mulher. O rei disse-lhe: Eu não a impunha, mas queria que tu ficasses bonito. Depois, como viram que ele não queria deixar de ser sapo, pediram a ela que, assim que ele adormecesse, lhes trouxesse as peles para eles as queimarem. Ela assim fez e eles botaram as peles ao fogo aceso. De manhã vai ele para vestir as peles e não as acha. Que é das peles? Vieram aqui o teu pai e a tua mãe e levaram-nas. Mal hajas tu se lhas destes, mais quem te deu o conselho. Adeus. Se alguma vez me tornares a ver, dá-me um beijo na boca.

A mulherzinha ficou mas o rei e a mulher, assim que viram que o filho faltou, puseram-na fora da porta. Ela, coitada, não tinha com que se tratar; o que era do rei lá ficou e ela estava muito pobrezinha. A todas as pessoas que via perguntava se tinham visto um homem assim e assim e lá lhe dava as notícias do príncipe. Vieram por onde ela estava uns cegos e ela fez-lhes a pergunta. Os moços dos cegos disseram-lhe: Nós vimos no rio Jordão um homem e certamente era ele; estava botando fatias de pão para trás das costas e dizendo: Pela alma de meu pai, pela alma de minha mãe, pela alma de minha mulher. Ela disse-lhes: Vocês quando tornam para essa banda? Nós para o fim do outro mês voltamos para lá; havemos de passar por esse rio. A mulherzinha aprontou-se e foi com eles. Chegou lá e era o príncipe. Ela chegou ao pé dele e deu-lhe o beijo na boca como ele tinha dito e disse-lhe: Ora vamos embora, que se acabou o nosso fado. E foram para casa e foram muito felizes e tiveram muitos filhos.



A lenda do Coelho da Pascoa

A lenda do Coelho da Páscoa



Perto da casa do menino Jesus, um passarinho construiu seu ninho. Todas as manhãs, Jesus era acordado pelo alegre e bom canto da avezinha.
Certa manhã, porém, ele foi acordado pelo piar aflito do passarinho. Jesus espiou e viu que a mamãe passarinho chorava desconsolada, pois a raposa havia roubado os seus ovinhos.
O menino Jesus ficou triste e saiu pelo campo, pedindo aos bichos que passavam que o ajudassem a encontrar os ovinhos roubados.
Gatinho, você quer me ajudar a encontrar os ovos da mãe passarinho?
Não posso Jesus. Minha dona me encarregou de caçar um rato que sempre rouba queijo todas as noites.
Assim Jesus foi se dirigindo aos animais, mas era inútil. Todos estavam ocupados. O cão cuidava da casa. A formiga trabalhava apressadamente. O grilo estava cansado de pular de galho em galho. Nenhum bicho podia ajudar Jesus. Foi então que o coelho colocou as orelhas para fora da toca e disse:
Jesus, se você quiser, eu posso te ajudar.
E saiu correndo até encontrar o esconderijo da raposa. Mas que pena. Ela já havia comido todos os ovinhos. O coelho com pena do passarinho e querendo agradar a Jesus, resolveu pedir um ovinho para cada um dos passarinhos que conhecia e levou a Jesus.
O menino Jesus colocou os ovinhos no ninho da mamãe passarinho, que nem desconfiou de nada. Como recompensa, o coelhinho foi encarregado por Jesus, de todos os anos, na Páscoa, distribuir ovinhos para as crianças.


A Festa no Céu conto

A Festa no Céu, lindo conto para as mamães lerem para as crianças.

Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa no Céu.
Porém, só foram convidados os animais que voam.

As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais, que não podiam voar.



Um sapo muito malandro, que vivia no brejo,lá no meio da floresta, ficou com muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu espalhando para todos, que também fora convidado.
Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado para a festa no céu, riam dele.
Imaginem o sapo, pesadão, não aguentava nem correr, que diria voar até a tal festa!
Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a floresta.


_ Tira essa ideia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no Céu.
_ Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais.
Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano.

Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com as piadas que o sapo contava.
Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo:
_ Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa.
_Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado.
_ Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada.- Até amanhã!
Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela.


Chegada a hora da festa,o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e vôou em direção ao céu.
Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras aves.

O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente.
As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir.
Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão.



O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o seu destino.
O urubu pegou a sua viola e vôou em direção à floresta.
Voava tranquilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo , todo encolhido, parecia uma bola.
- Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo!
E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão.
A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu.
Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o bichinho.
Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração.

A Estrela de Natal e a Constelação Orgulhosa

A Estrela de Natal e a Constelação Orgulhosa

Seis estrelas se encontram em uma galáxia qualquer no infinito. As estrelas formam um semicírculo. Um pouco afastada, encolhida, está a estrela Branca. Atrás, ocupando toda a extensão, a estrela Negra. Cada qual com sua cor, representando os anos-luz de existência.

Suscitou-se entre as cinco estrelas uma contenda sobre qual delas seria a maior.

-Sou a estrela Verde. Simplesmente a mais jovem, explosiva e formosa. A força da juventude interplanetária.

-Sou a Amarela. Ninguém pode viver sem a minha presença mágica. Em torno de mim giram a terra e os outros planetas, estes astros sem luz própria. Minha luz leva oito minutos e meio para atingir a terra. Sou a claridade de cada manhã!

-Como podem percebem sou a estrela Azul. Já penetrei quase todo o universo. Jamais encontrei alguém que tenha o brilho superior ao meu!


-Eu a Vermelha, simplesmente sou a mais forte! Pelo super poder da minha cor tenho coragem de lutar e vencer a escuridão entre as galáxias. Sou a guia dos guerreiros vencedores.


-Sou a Negra. Uma estrela circumpolar de primeira grandeza, maior que o sol, que é um milhão de vezes maior que a terra dos humanos. Meu tamanho é descomunal, adornando todo o infinito. Meninas, vocês brilham sob meu corpo!

A estrela Branca continua recolhida, indiferente a arrogância das companheiras, observando um rastro luminoso de um cometa.

-E você branquinha, não fala nada? – perguntou a Vermelha.



-Além de ser a última fase de uma estrela, ainda é surda e muda! – exclamou a Verde.



-Coitadinha! Ela é tão velhinha! Perdeu toda luz, brilha menos que um vaga-lume! – disse a Negra com sua voz de trovão.


-Reaja vovozinha! – gritou a Azul.


-O seu recanto é o cemitério das estrelas decadentes. Você apagou e esqueceu de cair. – comentou a Amarela.


A Branca ergue-se e, quase chorando, com ternura diz:

-Queridas amigas, vocês têm toda razão. Já estou velha, passei por todos estágios da vida: verde, amarela, azul, vermelha e até negra! Hoje sou branca como a neve...


-O que você quer dizer, desbotada? – indignada, perguntou a Vermelha.

-Que todas serão assim como eu: sem combustível e não emitindo mais radiação. Infelizmente é o ciclo natural da vida.


-Pois eu sou o que quero ser, sempre azul!


-Eu também... – disse a Verde.

-Nós somos unidas e orgulhosas por sermos maravilhosas, cinco estrelas soberanas. Você é uma estrela solitária do deserto Saara. Ninguém percebe sua presença. – comentou a Negra.


-Quem é você afinal, para nos dar lição de moral? – indagou a Amarela.


-Contarei minha história: “Tendo Jesus nascido em Belém de Judéia, eis que uns magos vieram a Jerusalém. Vendo eles a estrela, alegraram-se. A estrela que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, se deteve sobre o lugar onde estava o Prometido”. Entre quintilhões de estrelas, eu fui escolhida para esta missão sublime.

O Gato de Botas História Infantil

O Gato de Botas, História Infantil de Charles Perrault
 Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador.
Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato. O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula. Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse:
__Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno.
Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho. Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira. Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto.
Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe:
__Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho. Guisado com cebolinhas será um prato delicioso.
__Coelho?! - exclamou o rei.
__ Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diga ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos.
No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás.
Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presente, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás.
Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio. Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
__ De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás. Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido.
O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real.
esperto gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
__Socorro! Socorro!
Que aconteceu? - perguntou o rei, descendo da sua carruagem.
Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! - disse o gato.
__ Meu amo está dentro da água, ficará resfriado.
O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem.
O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou. O rei também ficou encantado e murmurou:
__Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço.
O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem.
__ Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz
O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção par ao rei e a princesa.
O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores:
__O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça.
De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe:
__Do muito nobre marquês de Carabás.
__Que lindas propriedades tens tu!- elogiou o rei ao jovem.
O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha:
__Eu também era assim, nos meus tempos de moço.
Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: __Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês.
Assim, quando chegou a carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam:
__Do mui nobre marquês de Carabás.
O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
__ Ó marquês! Tens muitas propriedades!
O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados. O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu:
__Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres?
__ Certíssimo - respondeu o ogro, e transformou-se num leão.
__ Isso não vale nada - disse o gatinho. - Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato?
__ É fácil - respondeu o ogro, e transformou-se num rato.
O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real. E disse:
__ Bem vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás.
__ Olá! - disse o rei
__ Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem.
O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido:
__ Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço.
Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe:
__ Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento?
Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa. O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes.
E daí em diante, passaram a viver muito felizes. E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque absolutamente não mais precisava de ratos para matar a fome...

(Charles Perrault)

O ratinho da cidade e o ratinho do campo

O ratinho da cidade e o ratinho do campo, Fábulas de Esopo
Um dia um ratinho do campo convidou seu amigo que morava na cidade para ir visitá-lo em sua casa no meio da relva. O ratinho da cidade foi, mas ficou muito chateado quando viu o que havia para jantar: grãos de cevada e umas raízes com gosto de terra.
– Coitado de você, meu amigo! – exclamou ele. – Leva uma vida de formiga! Venha morar comigo na cidade que nós dois juntos vamos acabar com todo o toucinho deste país!
E lá se foi o ratinho do campo para a cidade. O amigo mostrou para ele uma despensa com queijo, mel, cereais, figos e tâmaras. O ratinho do campo ficou de queixo caído. Resolveram começar o banquete na mesma hora. Mas mal deu para sentir o cheirinho: a porta da despensa se abriu e alguém entrou. Os dois ratos fugiram apavorados e se esconderam no primeiro buraco apertado que encontraram. Quando a situação se acalmou e os amigos iam saindo com todo o cuidado do esconderijo, outra pessoa entrou na despensa e foi preciso sumir de novo. A essas alturas o ratinho do campo já estava caindo pelas tabelas.
 – Até logo – disse ele. – Já vou indo. Estou vendo que sua vida é um luxo só, mas para mim não serve. É muito perigosa. Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha simples em paz.

Moral da história: Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos e preocupações.

O Apanhador de Sonhos

Histórias Infantil, O Apanhador de Sonhos



O Apanhador de Sonhos

Bem cedinho, antes mesmo de todos acordarem, Zacarias percebeu que aquele seria um sábado maravilhoso. Duas zebras e um enorme cachorro peludo estav

am bebendo água no chafariz de seu jardim. Há meses Zacarias vinha pedindo aos pais um cachorro como aquele.

- Esperem por mim! – ele gritou, calçando o tênis.

As zebras saíram galopando pelo jardim assim que Zacarias abriu a porta. O cachorro correu atrás delas. Quando Zacarias ia persegui-los, notou outra coisa estranha. Na entrada de suas casa havia um caminhão com os pára-lamas sujos.Um velho baixinho estava de pé em cima de um caixote, olhando dentro do capô. Ele vestia um macacão com botões brilhantes.

- Bom dia – disse Zacarias. – Quem é você?

- Leia o que está escrito na porta – sugeriu o velho, sorrindo.

- Apanhador de Sonhos. – Zacarias leu em voz alta e perguntou espantado: - O que isso quer dizer?

O Apanhador de Sonhos tirou a cabeça de dentro do capô e sorriu. Ele tinha bochechas rosadas e olhos tão azuis como as tardes de verão.

- Você já pensou no que acontece com seus sonhos? – ele perguntou a Zacarias.

Zacarias balançou a cabeça negativamente.

- Ah, não? Bem, eu venho de madrugada e recolho todos. É regulamento da prefeitura – explicou o Apanhador de Sonhos.

- Uau! E o que acontece se você não recolhe os sonhos? – perguntou Zacarias.

- Isso seria um desastre! – exclamou o Apanhador de Sonhos. – Quanto mais a manhã se aproxima, mais reais se tornam os sonhos. Uma vez tocados pela luz do sol, eles permanecem para sempre. Imagine! A cidade ficaria abarrotada de sonhos!

Naquele momento, dois piratas apareceram na rua.

- Eles eram do sonho de alguém? – perguntou Zacarias.

- Sim – respondeu o Apanhador de Sonhos, enquanto voltava a trabalhar no motor.

Zacarias o ouviu resmungar algo a respeito de anéis de pistão. – Seu caminhão enguiçou? – ele perguntou.

- É. Não quer pegar e eu esqueci minha caixa de ferramentas – o Apanhador de Sonhos parecia preocupado.

- Posso pegar algumas ferramentas em casa – ofereceu Zacarias. – O que você precisa?

- Você pode me conseguir uma chave de vela, um verificador de bateria e um jogo de chaves de boca?

Zacarias correu até a garagem e olhou para as ferramentas de seu pai. Ele não sabia bem como se chamavam. O único jogo que viu foram uns apetrechos de beisebol que pareciam muito usados. Ele encontrou o verificador de bateria, mas não sabia qual das chaves era a certa. Pegou uma porção delas para que o Apanhador de Sonhos pudesse escolher.

Assim que Zacarias voltou ao caminhão, o cachorro peludo passou correndo, perseguindo três coelhos.




- Ei, aquele cachorro era do meu sonho! – exclamou, surpreso, Zacarias. – Eu queria tanto ter um cachorro como aquele.

Naquele momento havia sonhos por toda parte. O Apanhador de Sonhos olhava à sua volta ansiosamente.

- A rua já deveria estar desocupada – ele se lamentava.

– Em breve o sol nascerá. Isso é muito sério.



Ele apanhou uma ferramenta das que Zacarias havia trazido, mas Zacarias achou que era pequena demais para um caminhão tão grande. Será que o Apanhador de Sonhos sabia o que estava fazendo?

- Posso ajuda-lo a consertar o caminhão? – perguntou Zacarias. – Uma vez consertei o aspirador de pó da minha mãe, depois que ele aspirou meus brinquedos.

O Apanhador de Sonhos sorriu.

- Caminhões e aspiradores são bem diferentes por dentro. Mas, talvez, você possa fazer um serviço especial para mim.

- O quê? – perguntou Zacarias.

- Talvez você possa colocar os sonhos para dentro do caminhão. Mas alguns sonhos, como o cachorro, podem ser difíceis de pegar – ele falou com um brilho no olhar. – Você acha que consegue fazer isso?

- Oh, sim, eu consigo – respondeu Zacarias, todo empolgado.

Então Zacarias entrou em casa e escolheu cuidadosamente as coisas de que necessitaria para capturar os sonhos. Quando voltou, o sol já estava nascendo. Ele teria de ser rápido.

As cenouras e a corda funcionaram bem, e logo as zebras estavam dentro do caminhão. As araras gostaram do apito prateado.

- Este trabalho é moleza – disse Zacarias.

- Agora vou procurar o cachorro peludo.

Zacarias ouviu latidos no quintal do vizinho e foi investigar. O cachorro estava saltando por entre anéis de fogo que um dragão soltava pela boca.

Naquele instante um cavaleiro de armadura apareceu no quintal e, vendo o dragão, puxou sua espada. O cachorro saiu correndo.

- Volte aqui! – gritou Zacarias, mas o cachorro continuou correndo.

Quando o cavaleiro ergueu a espada, o dragão empalideceu de pavor. Felizmente, naquele momento um cavalo enorme saiu trotando do canteiro de rosas.

O cavaleiro guardou sua espada e, todo feliz, abraçou o pescoço do cavalo.

- Puxa – sussurrou Zacarias -, essa foi por pouco.

Agora o quintal estava repleto de sonhos.

- Sigam-me todos! – ordenou Zacarias, mostrando o caminho.

Um a um, os sonhos foram subindo a rampa para dentro do caminhão. Zacarias suspirou aliviado. Só faltava o cachorro.

Zacarias seguiu novamente pela rua, assobiando para chamá-lo. O latido do cachorro parecia vir de dentro de uma moita.

- Saia já daí! – gritou Zacarias, afastando os galhos.

Mas o cachorro havia desaparecido.

Os raios do sol já estavam alcançando o topo das árvores. Zacarias decidiu que era melhor falar com o Apanhador de Sonhos.

- Falta muito para consertar o caminhão? – ele perguntou. – Nosso tempo está se esgotando.

- Eu sei, mas não consigo achar o defeito – respondeu o Apanhador de Sonhos, escolhendo outra ferramenta.

Zacarias sentou-se no pára-choque. – Sabe de uma coisa? – perguntou. – Eu sempre durmo de olhos abertos para poder enxergar os meus sonhos passando no escuro. Uma vez sonhei com rinocerontes.

- Eu me lembro – respondeu o Apanhador de Sonhos. – Era um rinoceronte tão pesado que achei que as molas do meu caminhão não fossem agüentar. Vamos ter de fazer um trato, Zacarias, nada de sonhos com rinocerontes.

- Talvez – disse Zacarias, sorrindo.

Enquanto o Apanhador de Sonhos experimentava outras ferramentas, Zacarias foi procurar o cachorro. Olhou nas garagens, nos jardins, embaixo dos caminhões e atrás das árvores. Então, ouviu um barulho. Correu em direção ao cachorro, mas ele saltou mais rápido. Zacarias levantou-se do chão cuspindo terra. Não havia sinal do cachorro. “Talvez ele goste desta rua”, pensou Zacarias. “talvez ele não queira ir embora.” Os raios de sol brilhavam em todas as janelas das casas. Zacarias foi dizer ao Apanhador de Sonhos que um dos sonhos ainda estava solto.

- Afaste-se! – avisou o Apanhador de Sonhos quando Zacarias apareceu. – Vou tentar fazer o motor funcionar.

Zacarias afastou-se. Seguiu-se uma longa pausa. O cavalo relinchou. Então houve uma explosão, e o motor voltou a funcionar. E bem a tempo, pois a luz do sol já inundava a rua.

- Viva! – gritou o Apanhador de Sonhos. – Obrigado. Não teria conseguido sem a sua ajuda!

- Não consigo encontrar o cachorro! – gritou Zacarias.

O Apanhador de Sonhos seu um assobio agudo e o cachorro peludo saltou de dentro das moitas. Ele era exatamente como Zacarias imaginava que um cachorro deveria ser, com longos bigodes e olhos da cor de chocolate. Quando o cachorro abanou o rabo, suas patas traseiras quase saíram do chão.

- Você gostaria de ficar com esse cachorro? – perguntou o Apanhador de Sonhos.

- Eu adoraria! – respondeu Zacarias.

- Então ele é seu – disse o Apanhador de Sonhos. – Vais ser mais divertido que consertar o aspirador de pó.

Zacarias deu um berro. Quase não podia acreditar na sua sorte.

- Obrigado! – ele gritou.

O Apanhador de Sonhos soltou o freio e acenou. – E o nosso trato? – ele gritou. – Nada de rinocerontes, hem!

- Combinado! – respondeu Zacarias, rindo, emquanto o caminhão saiu andando com suas molas arriadas.

Zacarias agarrou seu maravilhoso cachorro dos sonhos pela coleira e juntos correram para casa.

- Vamos pular na cama de mamãe e papai – disse Zacarias. – Eles vão achar que ainda estão sonhando, quando abrirem os olhos e virem você!

Troon Harrison Alan e Lea Daniel